sábado, 10 de dezembro de 2011

Ato 1 Terça-feira


Tarde

Cena 1 Na entrada de uma favela do Rio de Janeiro.

Há uma grande movimentação de pessoas ...Um vendedor de água, com muita dificuldade, carrega duas latas de 18 litros penduradas nos ombros. Um idoso caminha equilibrando um tabuleiro com cocadas na cabeça e grita “Cocada preta,branca, quem vai?”. Crianças chutam frutas estragadas no chão...Algumas pessoas bebem cervejas em bares...Um homem de meia -idade, sem os dentes da frente, tenta palitar os detrás. Um jovem rapaz, vestido com o uniforme do Colégio Pedro II, carrega uma mochila nos ombros e vários livros nas mãos. Um senhor passa com uma enxada nas costas...Camelôs vendem CDs e DVDs piratas. Uma senhora, com cabelos bem longos, caminha com uma Bíblia na mão. Crianças correm atrás de dois bodes, enquanto uma mulher lhes grita: ”Eu vou matar vocês, quando chegar em casa, seus filhos da puta!”. Carros novos e velhos estão parados em frente aos estabelecimentos comerciais(lojas de sapatos,farmácias,sorveteria,bares...). Barraqueiros vendem frutas, ferramentas, e produtos do nordeste; outras pessoas vendem produtos usados que estão espalhados no chão...Em algumas paredes das casas e lojas observa-se dizeres como: “ É nóis na fita e Deus no DVD”; ”Segue em frenti ,o bar dos côrno é logo ali”; ” Se Deus é déis, o diabo nunca vai ser omze”; ”O comando aqui é de Deus, tá ligado?” ; ”Não roba ,os poderoso não quer concorrente”; “Puta que o pariu, a copa é no Brasil”.

Perto de uma pastelaria, escondidos atrás de um carro, viciados(as) em crack e outras drogas, de diferentes idades, dormem em um chão cheio de cocô e xixi . Todos estão muito sujos. O mau cheiro é intenso. Um jovem negro está sem uma perna. Uma jovem grávida, usando um shortinho e um sutiã, se acorda e começa a tossir e a cuspir;  posteriormente,  pega uma garrafa plástica com cola, que está sobre um caixote,  e começa a cheirar. Escuta-se o barulho de um alto falante anunciando: “Pamonhas quentinhas, macias, gostosinhas,  feitas do puro milho verde. Pamonhas.”. Vários “olheiros” do tráfico observam a movimentação da favela, enquanto ocorre o comércio de drogas...

21 comentários:

  1. A primeira cena é muito bem descritiva e detalhada. Ela introduz de uma maneira muito real e simples o ambiente diversificado de um favela.

    Muito bom!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Amei professor! Consigo visualizar todo o ambiente, sendo o texto muito real. Só faltou a kombi, com aquelas buzinas características, e pessoas passando pelos viciados como se não estivessem vendo-os, pois essa cena é tão comum, que muitas vezes não nos surpreendemos.
    Fiquei com vontade de ler mais...

    PARABÉNS PELO TEXTO, E PELA GRANDE SENSIBILIDADE NOS DETALHES!

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  4. Gostei bastante do detalhamento. Gostei também da maneira levemente cômica em que algumas realidades são tratadas, como a religiosidade, a copa, a corrupção (que foi a que mais me chamou atenção no trecho "Não roba,os poderoso não quer concorrente"), entre outros detalhes.

    Como a Karine no comentário acima disse , só faltou mesmo a kombi com aquela buzina: "Nova américa, Catedral.." etc

    O que me resta é aguardar esse livro que promete histórias bem interessantes.

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  5. Parabéns Esperidião! Venho acompanhando você escrevendo esse livro desde 2009 e já era um grande sucesso entre seus alunos!

    Pelo que vejo, esse será um GRANDE livro escrito por uma GRANDE pessoa! =D
    Muito sucesso e... Conta conosco.

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  6. Eu adorei, professor! Riqueza de detalhes, fidelidade ao cenário que expõe... Deixou aquela vontade de ler mais. E quanto ao título, tenho umas hipóteses na cabeça, e aguardo seu parecer para saber se estou certa em alguma delas.
    Aguardo o restante. Sucesso!

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  7. Parabéns Professor
    Muita bacana, grande quantidade de detalhes, bem cotidiano mesmo. Conseguimos visualizar a cena muito bem.

    Boa sorte nesse livro Professor!
    Que Deus lhe abençoe nessa fase ai :]

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  8. Quero ver esse livro saindo ein, Esperí!
    Essa introdução aí clama por continuação...

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  9. oi! curti muito toda a descrição tão detalhada do ambiente, me senti imediatamente transportada para lá. Só fiquei considerando as dificuldades, pela cena ser tão ampla e complexa (carros presentes, várias fachadas diferentes de lojas, grande quantidade de passantes) de se montar isso num palco. Estou achando que essa riqueza descritiva no fim se prestaria mais a um roteiro de cinema.

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  10. Parabéns professor !
    o livro vai ser ótimo , muito sucesso ;*

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  11. A introdução já deu um gostinho de 'quero mais'! Muito bom, texto instigante!

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  12. Com uma crítica muito bem estruturada, essa cena é composta de detalhes bastante interessantes. Além disso, ela reproduz muito bem e acaba transportando o leitor a uma realidade cotidiana ocorrente na maioria das comunidades principalmente do Rio de Janeiro. Acho que só deixou a desejar numa "Igreja Universal do Reino de Deus" em todas as esquinas e uma suruba musical ocasionada pela diversidade de pessoas e culturas na favela (forró, gospel, pagode e funk). Gostei bastante da abordagem detalhada a crianças na rua e o atentamento a qualidade de vida dos moradores.

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  13. Hum, parece que estou vendo o local onde moro...

    Não sei, essas coisas de favela não me agradam muito, ainda mais sem ler o restante do livro, não dá pra definir uma opinião...

    Mas é obvio que eu torço pelo sucesso do livro.

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  14. Parabéns Esperidião! Pelo que vejo, esse será um GRANDE livro escrito por uma GRANDE pessoa! Mas é obvio que eu torço pelo sucesso que o senhor terá

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  15. Tem tudo para dar certo meu caro,
    você sabe conciliar o drama e o humor,
    expressando muito bem sobre esse
    submundo em que muitos vivem.
    Gostei.

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  16. Riqueza de detalhes! Finalzinho com toque de humor q gosto muito. Como os outros que comentaram, eu tb quero ler mais. Torço para tua obra, não para essa copa. Vamô q vamô!!

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  17. Parabéns, Esperidião, bom resgate do realismo crítico!!!

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  18. Gostei do inicio,espero encontra-lo na livraria da minha cidade,sucesso.

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  19. Meus parabéns, parece interessantíssimo.

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